segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

É momento de relembrar

Hoje, relendo um antigo diário, me deparei com uma passagem muito interessante, que me fez lembrar do que eu era, do que hoje eu sou e do que eu quero ser. É escrito de forma singela, porém me espantei com o que tirei de lá. Segue um trecho, toscamente corrigido, mas evidentemente infantil:

"Guarulhos, 12 de dezembro de 2003

Deixa eu lembrar você, Carol do futuro. No começo do ano, fiquei fascinada com Harry Potter. Era meu maior vício. E como uma coisa vai puxando a outra, para ter mais notícias dos livros e filmes, comecei a usar a internet. Também viciei nela. Mas, depois de um tempo, acabei esquecendo de HP, passei a gostar de Matrix, mexer no Blig e no ICQ.

Não esquecendo...mas vinham coisas que substituíam as de antes.

Foi aí que entendi que, quando vamos atrás de um objetivo e atingimos o seu auge, é que o substituímos por outra coisa. E depois perdemos de novo e ganhamos outra.

E agora que atingi meu objetivo mais recente, de passar de ano direto, fiquei com um vazio. Eu ficava lembrando do que esqueci e me sentindo culpada por já ter passado. Eu me sinto culpada por ter perdido algo que não queria deixar pra trás...e aí ganhar outra, que também não vou querer esquecer, quando for embora.

Agora eu me desespero com a idéia de perder o que eu gosto hoje a qualquer instante.

Mas aí eu penso, o que ia ser de você, se gostasse sempre da mesma coisa e perdesse a chance de conhecer outras? E isso me ajuda um pouco, mas ainda sinto falta....Eu queria voltar a gostar de Harry Potter como antes, mas não é minha culpa que eu mudei..."



Não sei o que me espanta tanto ao reler esse trechinho. Seria a complexidade das idéias de uma criança de 12 anos, ou o fato do passado ter me relembrado uma lição antiga?

Eu realmente não saberia responder. Penso que acabei de aprender comigo mesma, algo que eu já parecia ter entendido. É curioso, não é? Quantas vezes mais será preciso que essa pré-adolescente me lembre que as coisas mudam?

Chega até a dar raiva. Quase 9 anos se passaram, mas ao que tudo indica, continuo precisando das mesmas lições; e, pior, ensinadas por mim mesma, quando era nada mais do que um projeto de gente metido a poeta, cheio de medos e paranóias.

Mas...então... Paranóica e pseudo esclarecida, não é isso que eu continuo sendo? Querendo ser gente e escrevendo pra ser?

Como é então, a gente muda e não muda?

.....

São em momentos como esse em que eu não sei porque sentei pra escrever. Se era pra clarear a vista, agora é que eu tenho um borrão. Vamos ver o que a Carol de 30 anos, vai ter pra falar desse aqui. Espero que, no mínimo, ela tenha uns upgrades.