quarta-feira, 11 de julho de 2012


Esses dias, enquanto conversava com uma amiga, cheguei a triste conclusão de que deixei de fazer as coisas pelo simples prazer. Não sei o que há comigo. Amarguei  sem ter motivo.
Minhas ambições passaram a controlar minha vida e virei refém de meus próprios desejos.

Tudo que pensei um dia amar, hoje não faz muito sentido.  E, para quem me conhece, sabe como busco sentido em tudo, para eu me sentir bem e saber o que estou fazendo.

 E talvez este seja bem o cerne do problema. As razões e motivos que tento encontrar para viver, fazer e realizar. A lógica das ações não correspondem aos meus desejos, agora perdidos no meio dessa bagunça de chuvas incertas.

São tantas as vezes que me pego querendo férias de mim, por me  esgotar demais em meus pensamentos.  Minha cabeça funciona de um jeito errado e que não muda de frequência . Deixei de apreciar o simples e o desnecessário, mas eram eles que me sustentavam nesta loucura que sou eu. Agora, mal sei o que quero para mim, como deixar estar ou só mesmo respirar.

Vejo que me apego demais aos substantivos e não aos verbos. Mas, substantivos jogados por aí de nada servem sem os verbos, para nos dar esse  bafo de vida.
Deve ser bom voltar a ser, simplesmente.
Será que posso?

terça-feira, 17 de abril de 2012

Encontrei esse texto meu no computador. Deve ter uns 3 meses desde que o escrevi. Talvez algumas coisas tenham mudado...


"Eu me surpreendo com meu excesso de sensibilidade. É tanta , tanta, que acabo, por fim, sem ela. É possível neutralizar um sentimento, só por senti-lo demasiadamente? Creio que o estoque chegue ao fim em algum momento.Uso tanto a carta "sentir", que no fim só me restam os curingas que não significam coisa alguma. Nada, nada.
 
 Sei lá, eu só sei que eu sinto, e muito.

Tudo pra mim, quero em dobro, em triplo, tanto faz. Eu quero tanta coisa; e quero agora.
Isso é mimo.

Eu quero, quero e quero... conhecer  o que há em mim.
Porém, só vejo o nada da intensidade."

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

É momento de relembrar

Hoje, relendo um antigo diário, me deparei com uma passagem muito interessante, que me fez lembrar do que eu era, do que hoje eu sou e do que eu quero ser. É escrito de forma singela, porém me espantei com o que tirei de lá. Segue um trecho, toscamente corrigido, mas evidentemente infantil:

"Guarulhos, 12 de dezembro de 2003

Deixa eu lembrar você, Carol do futuro. No começo do ano, fiquei fascinada com Harry Potter. Era meu maior vício. E como uma coisa vai puxando a outra, para ter mais notícias dos livros e filmes, comecei a usar a internet. Também viciei nela. Mas, depois de um tempo, acabei esquecendo de HP, passei a gostar de Matrix, mexer no Blig e no ICQ.

Não esquecendo...mas vinham coisas que substituíam as de antes.

Foi aí que entendi que, quando vamos atrás de um objetivo e atingimos o seu auge, é que o substituímos por outra coisa. E depois perdemos de novo e ganhamos outra.

E agora que atingi meu objetivo mais recente, de passar de ano direto, fiquei com um vazio. Eu ficava lembrando do que esqueci e me sentindo culpada por já ter passado. Eu me sinto culpada por ter perdido algo que não queria deixar pra trás...e aí ganhar outra, que também não vou querer esquecer, quando for embora.

Agora eu me desespero com a idéia de perder o que eu gosto hoje a qualquer instante.

Mas aí eu penso, o que ia ser de você, se gostasse sempre da mesma coisa e perdesse a chance de conhecer outras? E isso me ajuda um pouco, mas ainda sinto falta....Eu queria voltar a gostar de Harry Potter como antes, mas não é minha culpa que eu mudei..."



Não sei o que me espanta tanto ao reler esse trechinho. Seria a complexidade das idéias de uma criança de 12 anos, ou o fato do passado ter me relembrado uma lição antiga?

Eu realmente não saberia responder. Penso que acabei de aprender comigo mesma, algo que eu já parecia ter entendido. É curioso, não é? Quantas vezes mais será preciso que essa pré-adolescente me lembre que as coisas mudam?

Chega até a dar raiva. Quase 9 anos se passaram, mas ao que tudo indica, continuo precisando das mesmas lições; e, pior, ensinadas por mim mesma, quando era nada mais do que um projeto de gente metido a poeta, cheio de medos e paranóias.

Mas...então... Paranóica e pseudo esclarecida, não é isso que eu continuo sendo? Querendo ser gente e escrevendo pra ser?

Como é então, a gente muda e não muda?

.....

São em momentos como esse em que eu não sei porque sentei pra escrever. Se era pra clarear a vista, agora é que eu tenho um borrão. Vamos ver o que a Carol de 30 anos, vai ter pra falar desse aqui. Espero que, no mínimo, ela tenha uns upgrades.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Privação

Hoje eu falo sobre privação.
Vou começar com um suflê de suposições que, na minha opinião, se entrelaçam de alguma forma.

Existe um teoria estudada no mundo comportamental, desenvolvida pelo psicólogo David Premack, que diz ser possível prever condutas e até modificá-las ao fazermos uso de comportamentos mais prováveis (mais desejáveis para indivíduo) como reforçadores de comportamentos menos prováveis (menos desejáveis para o indivíduo).

Em outras palavras, para facilitar o entendimento, tudo se resume na frase da mamãe:

"Coma os legumes primeiro, para ganhar a sobremesa"

E, sim, funciona muito bem com praticamente qualquer animal. E isso nos inclui também.

Mas como nem tudo diz respeito a vegetais, existe também a teoria da Reatância, que sustenta a aplicação da psicologia paradoxal, ou mais comumente conhecida como psicologia reversa. Nessa linha de pensamento, um indivíduo que tem acesso a algo de relevante importância, quando privado desse algo, pode desenvolver um interesse maior ainda pelo mesmo. E justamente ocorre o contrário, se o acesso é imoderado.

Sim, também existe exatidão aí.

Veja bem, creio que ambas as teorias se aplicam a todo mundo, na verdade. É aquela velha história de perder pra querer, entende? É aquele brinquedo quebrado, o frio que não vem,o parente falecido, o amor fracassado.

É curioso e um tanto triste nós, seres humanos, precisarmos do "não ter" ou do "perder" para valorizarmos aquilo que parecia ser tão bom... ou nem tanto assim. Nós temos uma capacidade sobrenatural de insatisfação e idealização que chega ao limite de desgastante.

Será que existe fim pra tudo isso, senão a morte?
Eu realmente torço para que exista outro desfecho, mas às vezes me torno incrédula...

Talvez o segredo esteja em aceitar a mudança a todo instante, tal como nossos desejos, idealizações e os amores. Porém, não seria mais cômodo se não precisássemos encarar essa verdade de que tudo muda? Imagine abraçar a felicidade amanhã e continuar nela pelo resto da vida....

com
-a árvore do dinheiro

- o big mac que não engorda
- o final de semana de cinco dias
-a tatuagem sem retoque
- o primeiro amor
- o desodorante pra toda vida
- o cabelo que não precisa cortar
- o filho que não cresce
-o cachorro que não morre
- o seriado de dez anos
- a família que vive pra sempre
-o livro que não acaba
.....


Mas, Felicidade, será que se a tivéssemos a todo instante, dar-lhe-íamos o seu devido valor?
Acho que não.
Então eu quero meus legumes, muitos deles! Dos mais amargos, aos que me picam a língua. Mas que fique porvir uma sobremesa bem doce. A mais doce.





Foi essa música do "Black Eyes" do Radical Face que me inspirou a escrever dessa vez.
Quem quiser pode ler a letra AQUI.

Obs: Me desculpem, senhores(as) psicólogos, se me falta compreensão. Só estou tentando entender, sem nenhuma pretensão.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

.

escrevo por mim, por você.
escrevo por nós.

pela história que tive, que teve.
pela história nossa.

pelo amor que senti, que sentiu.
pelo amor nosso.

por medos meus e seus.
por medos nossos.

vivi pra saber, pra não saber.
mas não vivo mais por nós.
agora, só pra mim.

translúcida


São Paulo, 10 de novembro de 2011.

Lembro das noites em que eu acordava só pra te encontrar quando meus sonhos me levavam pra longe. Me fazia bem vê-lo em sono morno e pacato, perdido em abstrações, tal como eu. Seu semblante me fez crer que a vida era feita daquilo ali; dos pequenos momentos de felicidade resguardada, sempre imprevista.

E eu afagava seus cabelos carinhosamente. A textura era boa. Você era bom.

Me fazia sorrir.

E, olhe, foram tantas as noites em que acordei com medo de tê-lo perdido. A mera idéia me prometia a morte ou uma vida infeliz. Mas sorria de novo, tola, ao ver que ainda estava lá, sonhando ao meu lado e torcendo por nós. Sei que torcia.

Mas a vida tem formas estranhas e seguindo caminhos errantes fez algo que parecia tão certo e cheio de pureza, sumir. Foi embora num ponto sem volta. Não creio que tenha.

E, como em um sonho ruim, o chão se desfez, envolveu meus pés sem calos e me arrastou, tentando me afogar. E a força empregada foi tanta, que pensei jamais ser capaz de sair dali um dia. Do poço de tormenta, cólera, ruína.

Pensei não ser mais capaz de sorrir.

E como poderia, se o meu distinto e insensato havia sido tirado de mim? Mas, não, essa não é uma carta de lamúria. É, na verdade, uma carta sobre como saio daquele poço. Não era o que você queria?

Foi sem forças que encontrei decerto a violência dentro de mim. A ferocidade e vontade de viver - aquela, que você sempre lembrava existir em mim. E hoje me pego dizendo Não mais, nunca mais vou perder um segundo sequer! e sei que você ficaria orgulhoso.

Voltei a sorrir e as pessoas chegam pra mim.

Mas não pense que é fácil. Sabe que não é. Me encontro às vezes perdida na multidão, presa com meus temores, embora jamais tenha me sentido tão viva quanto agora. Acho que deve ser o medo.

Mas ainda fujo.

Fujo do que me assusta, da palavra não dita, do embaraço, do olho no olho, da presença, da ausência. Da solidão.

Mas fujo menos.

Não sei se guardo rancor. Se quero ou não. São equivalentes os motivos pra odiar e amar. Mas, afinal, qual é a diferença? Tudo mostra que me importo e só isso basta. E eu sei que você também se importa.

E isso me faz sorrir, de novo.

Mas dói. Então só o que quero é que saia de mim. Sai, por favor, e vá embora! Não estou pronta. Some daqui, some de mim, só pra eu me sentir livre agora. Ser uma amiga, não dá. Hoje não.

Honre sua escolha e suma agora, mas não me amole a toda hora.

Sim, dói. Mas, veja bem. Dói menos. Não morri, nem sou infeliz.

E, sim, você vai sumir de mim.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

um texto cheio de amor e ódio

odio


Eu lembro de um dia escrever sobre as deslealdades do homem. O bicho homem, não o sexo. Propunha odiar as pessoas antecipadamente, só pra não mais amargar a boca com o gosto de travessuras alheias, que me fugiam ao controle.

Mas ódio é uma palavra tão odiosa, certo? Não seria exagero meu? Odiar tão gratuitamente?

O que fizeram pra merecer o meu ódio? E, olhe, me entenda agora. Não é uma questão de réu ou condenado, porém creio que as pessoas sejam indignas de tal sentimento - de graça, pelo menos. É dito que o ódio é parceiro do amor, que co-habitam e que são quase a mesma coisa, com uma só página de história os separando.

Logo, se um precisa do outro pra existir, então eu amo as pessoas. Sim, devo amá-las de forma exacerbada, sem mesmo conhecê-las . Veja a contradição. O que me fizeram elas para merecer o meu amor e ódio?

Será que o meu ódio vem da carência de amor? Ou seria eu que o queria igualmente de graça?

Creio que fui sozinha demais, embora me fira ao admitir...e aos meus pais também.
Eles me diziam que fui criada para ser independente, pra rebolar e fazer acontecer. Mas será, mesmo? Não que eu não goste de me supor dessa forma, pois, afinal, quem não apreciaria?

A independência ludibria o homem! Mas, não seria ela outra palavra cheia de dualidade, assim como amor e ódio? Aposto que a Sã Independência morreria pelo Tão Dependente a qualquer instante, e vice-versa. Olha só...é contradição em todos os meus cantos. Uma parte minha quero amar e outra odiar. A linha é tênue, mas existe.

E, agora, dado meu entendimento pleno, penso eu, a respeito da significância de cada uma dessas palavras, sei que não quero viver sozinha. Nunca quis, embora eu acreditasse que sim. Eu quero amar e odiar, precisar e não precisar. Não existe preto no branco, mas, sim, o cinza.

É tudo cinza! Tudo, tudo, tudo...
E o amor também; ele não é vermelho. É ausência. É presença.